Bom Dia!! Sexta, 14 de março de 2014

O AUTOMOBILISMO E EU




Não dava muita bola para corridas.
Nem de Fórmula 1.
Desde o final de 1972 estava no Rio. Iria ficar por lá e voltaria em março de 1974, para as aulas.
Estava numa baita pensão, fresca mesma, onde tinha sido a residência do embaixador de Cuba antes de Fidel Castro.
Uma noite estava tomando uns chopes com um cara que morava na tal pensão e era de Santa Catarina, o Nicaretta. E um primo emprestado, Loureiro Neto, radialista famoso.
Lá pelas tantas, madrugada. Não lembro quem tocou no assunto.
- Domingo tem Fórmula 1 em Interlagos.
Nos olhamos.
Tomamos mais uns chopes e fomos para a rodoviária.
Chegamos em São Paulo de manhã, cedíssimo.
Tomamos um café com pão na chapa.
Perguntamos para várias pessoas o ônibus para chegar em Interlagos.
Sabe como é, medo de nos sacanearem.
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Já tinha fila para compra dos ingressos.
Detalhe: era sábado e a corrida era no domingo.
Nos instalamos num bom lugar na arquibancada. Muita risada, brincadeiras com quem já estava lá. Coisa de farofeiro.
Rolou o treino, emocionante.
O pânico bateu quando a noite chegou. Todos na nossa volta com equipamentos - cobertores e até travesseiros. O Nicaretta foi dar uma banda e voltou com um monte de jornal e pedaços de papelão.
Nos "instalamos". Acordamos como sol na lata.
Lembro de ter comido um pão com linguiça. Até que começou a chegar gente e mais gente e não dava mais para se mexer.
Emerson Fittipaldi ganhou a prova de barbada.
E até hoje tenho tudo filmado em super 8.
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Saímos do autódromo sem saber o que fazer. Um casal caminhava ao nosso lado. O cara me perguntou de onde vinha.
Disse que estava no Rio e morava em Porto Alegre.
Bah, o casal também era de Porto Alegre!!
Voltamos os três, de carona, num flamante Opala.
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Antes disso, quando morava em São Paulo, lá por 68/69, tive uma experiência com kart.
Vivia no Jardim Paulista e toda garotada que conhecia era riquinha.
Um deles, o Ricardo, ganhou um kart do pai, no Natal.
Numa tarde fomos experimentar. Voltas no quarteirão. O primeiro a andar foi o dono - e, na época, dois tinham que empurrar, para o motor pegar. Não sei se ainda é assim.
Um outro cara andou e chegou a minha vez.
Quando dobrei a rua, dois caras no meio do asfalto. Como tremia muito não dava para enxergar direito.
Reduzi e vi: que os dois estavam com revólveres na mão! Parei, abobado e tremendo, e os caras mostraram carteiras do Dops. Uau!!! Me tiraram do assento, meio na porrada e pediram documento. Dei. Baixaram a bola porque tinha uns 15, 16 anos.
Meus amigos vieram correndo e foram colocados numa parede com a mão na cabeça. Os ratos me mandaram andar, tipo "te manda!!". Fui e avisei os pais de quem encontrei. Claro que não deu nada para eles. Só que aí o Ricardo teve que ir correr em Interlagos e nós tínhamos apenas que vê-lo.
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Desde pequeno passei muitas férias em Montevidéu.
Tinha vários prazeres na cidade, mas os principais eram as pizzas, os cachorros quentes e ir no Parque Rodó.
No Parque tinham uns carros, que a gente dirigia, elétricos. O máximo! Por mim, passava a vida dirigindo aquela maravilha.
Anos depois levei os meus guris lá e fiz todo aquele carnaval para eles dirigirem. Nem deram bola.
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Quando vim morar na Cidade Baixa, Porto Alegre, já tinha os dois filhos. Guardava o carro numa garagem  na rua Lima e Silva. O Guilherme sempre levava o carro comigo. Estava sempre lá estacionado um carro com um kart no teto. Bonito o kart, para criança.
- Quem sabe compramos um pra ti?
Jamais deu bola.
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Mais velho, gostava de acompanhar as corridas de José Carlos Pace, Nelson Piquet, Emerson Fittipaldi  e, principalmente, Ayrton Senna, mesmo que o Galvão Bueno fosse o narrador.
Hoje, prefiro as corridas de Stock Car. São mais curtas e com bem menos regras.
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Um abraço Paulo McCoy Lava, o único jornalista que conheço especializado em automobilismo.
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NA TERCEIRA LINHA É MARÇO DE 1973.


2 comentários:

  1. Uau! Muito legal tua experiência na F1 "das antigas". De certa forma me lembra as 4 ou 5 vezes em que fui ao Olímpico e Beira-Rio nos anos 80...nada a ver com o futebol de hoje, que temos assistido pela TV e pelas descrições de conhecidos meus que (masoquistamente) ainda vão a estádios.

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  2. Hi all!
    Desnecessário dizer que comparecer ao ‘blog’ do Prévidi é algo rotineiro e diário. Porém, quando meu Toshiba 445 CDX voltou da revisão, um programa instalado impediu que eu acessasse diversas páginas de internet. Evidente, não irei me alongar em um problema que, felizmente, já foi resolvido. De qualquer forma, somente hoje pude retomar contato junto ao ‘blog’. Então, para minha surpresa, constatei o relato acima. Como é praxe, seu autor destilou conteúdo para lá de interessante e, melhor ainda, relatado de maneira que os leitores pudessem ‘imaginar’ todo o cenário por ele descrito. “Ah os saudosos anos 70”
    (#PauloLavaparafraseandoGildaMarinha).
    Mas, voltando: gostei do relato e, de quebra, me surpreendi ao saber que o Prévidi tem a corrida de 73 gravada em Super8 – “Esta conversa me agrada!”
    (#PauloLavaparafraseandoopersonagemSeuBarriga)
    Alias e, antes de prosseguir, uma duvida deixou-me intrigado. É que o Prévidi falou em vitória do grande ídolo Emerson Fittipaldi no GP Brasil F1. Porém, o conhecido ‘Emmo’ venceu as edições 1973 e 1974 do citado GP. Portanto, a única duvida que fica é sobre qual ano o Prévidi compareceu em Interlagos. até porque, em ambas edições, o mais jovem dos manos Fittipaldi, in verbis, “ganhou a prova de barbada”.
    Ainda sobre o assunto ‘GP Brasil / Interlagos’. No parágrafo em que é descrito situação na qual houve encontro com casal de P. Alegre, impossível, ao menos para mim, não recordar que meus falecidos pais – amantes de Automobilismo e igualmente responsáveis por eu gostar deste esporte e fazer dele profissão – gostavam de acompanhar corridas por lá. Meu pai, seguidamente comentava que comparecia à pista paulistana para torcer pelos gaúchos que peleavam arduamente contra paulistas e cariocas na prova ‘Mil Milhas’. Sem falar que, nas primeiras três edições do GP Brasil, ele e minha mãe, junto de outros casais, prestigiaram a corrida.
    Muito mais eu gostaria de dizer – além, claro, de um agradecimento, penhorado, pela citação de meu nome ao final do texto. Porém, e, por questão de justiça, acho justo ressaltar que, além de alguns ‘heróis’ do automobilismo (entre eles, Nelson Piquet e QUALQUER pilotos que tenha integrado a equipe Norte-Americana do famoso 'carro #21', o time Wood Brothers/Motorcraft), tive como ídolos diversos jornalistas. A lista, meramente aleatória, é composta por diversos ‘escribas’ gaúchos que, de uma forma ou outra, publicaram textos em jornais gaúchos (leia-se: artigos que cativaram minha atenção e impulsionaram meu desejo de atuar como jornalista automotivo): Elton Jaeger, Luiz Afonso Franz, Claudio Furtado, José Ayrton Mitczuck, Celso Ferlauto, Renato Rossi, Valter Boor, Joyce Larronda, Luiz Eduardo Moreira, Sérgio Braga, Paulo Moura, Gilberto Leal, Carlos Matzenbacher. Em termos nacionais, destaco dois jornalistas que me ‘abriram portas’ e, posteriormente, tornaram-se grandes amigos: Reginaldo Leme, Marcus Zamponi e Ronaldo Leme.
    Com renovado agradecimento ao Prévidi pelo artigo e citação,
    Atenciosamente,

    Paulo McCoy Lava


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