Ferro e Mais Ferro - 19 de outubro

ORLANDO LERO
Glauco Fonseca*


A esquerda brasileira já foi chamada de festiva. Hoje é uma esquerda divertida, não fosse trágica. Conseguiram até mesmo inverter uma lógica romana. Para a esquerda brasileira, não basta ser desonesta. Ela tem de parecer desonesta. Eis Orlando Silva, o mais novo integrante da turma dos que não são nem se parecem.
A esquerda brasileira anda tão confusa que está destruindo o que antes era uma unanimidade tupiniquim: a Copa do Mundo. Se antes a ideia de uma Copa fascinava, graças aos left-parties verde-amarelos, agora a ideia nos assusta muito mais do que agrada. A gente queria porque queria uma Copa, mas por força e obra dos nossos bolcheviques de boteco, agora até estamos em dúvida se realmente queremos uma Copa do Mundo no Brasil. Inépcia, descontrole, corrupção, pode escolher um, dois ou cinquenta atributos de nossa gestão pública grená.
Orlando repete a mesma cantilena. Foi eleito por um partido comunista, mas isto não o impede de ter amigos parecidos com os de José Dirceu ou sua cota própria de Erenices. Orlando Silva, do partido da deputada Manuela, aparece como líder de um esquema malandro como o de Palocci e de outros “egressos” dos Ministérios de Dilma Roussef ou de Lula. A sintomatologia é parecida. Primeiro Orlando demonstra indignação (pouca, é verdade, para não irritar os acusadores). Depois brada inocência e desejo de ser investigado até pela Miss Marple. Ao mesmo tempo, acusa um ou outro e avisa aos mais chegados que “não cairá sozinho”. A próxima etapa será – anote aí – o surgimento de mais desafetos, mais confusões. Orlando, como seus pares, deitará o lero e não parará até sua exoneração. O resto a gente já viu e, pior, ainda verá de novo. Apenas 10 meses se passaram e, como diziam nos filmes americanos antigos, ainda tem muito mais donde veio este.
A nossa brava esquerda hoje é socialista como a família Bush e tão democrata quanto Kim Jong-il. Orlando e seus capangas são gestores de Copa do Mundo, junto com Ricardo Teixeira. Tudo para “melhorar a vida do povo”, certo? Perguntem a eles o que fazem pelo povo, além de escondê-los em eventos, como o PT de Porto Alegre fazia com os moradores de rua durante as edições do Fórum Social Mundial. A Copa do Mundo no Brasil é uma facada no peito do povo pobre, aquele que o PCdoB de Orlando e Manuela deveria cuidar com mais carinho.
Esta é a nossa esquerda brasileira. Partidos que pensam que governam, que acham que podem tudo e que estão acima da lei. Pretendem usar a democracia como arma, as instituições como escudos, os poderes como latifúndios. Idolatram Chávez, defendem ditaduras como a de Cuba, da Líbia, do Irã e muitas africanas sanguinárias. Comunistas não são. Talvez jamais tenham sido.
Agora Orlando Lero, o novo cadáver político da república das bananas, nos dará mais alguns dias de asco, algumas horas extras de nojo, uma ou duas semanas de ânsia de vômito. Pelo menos agora a turminha medonha da esquerda brasileira, divertida se não fosse trágica, vai parar de encher o saco da nossa amada Gisele Bündchen e da querida dupla Valéria e Janete, que logo terão Orlando no Metrô Brasil assumindo, finalmente, o bordão “Ai como eu tô bandido”.

* Glauco Fonseca é consultor.

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